Wednesday, December 31, 2008

A casa da vida

Aproveitando a inspiração alheia...

"A casa da Vida
Nesta época, gosto de tratar da vida. Dou a roupa que não uso mais. Livros que não pretendo reler. Envio caixas para bibliotecas. Ou abandono um volume em um shopping ou café, com uma mensagem: "Leia e passe para a frente!". Tento avaliar meus atos através de uma perspectiva maior. Penso na história dos Três Porquinhos. Cada um construiu sua casa. Duas, o Lobo derrubou facilmente. Mas a terceira resistiu porque era sólida. Na minha opinião, contos infantis possuem grande sabedoria, além da história propriamente dita. Gosto desse especialmente.
Imagino que a vida de cada um seja semelhante a uma casa. Frágil ou sólida, depende de como é construída. Muita gente se aproxima de mim e diz:
– Eu tenho um sonho, quero torná-lo realidade!
Estremeço. Freqüen-temente, o sonho é bo–nito, tanto como uma casa bem pintada. Mas sem alicerces. As paredes racham, a casa cai repentinamente, e a pessoa fica só com entulho. Lamenta-se. Na minha área profissional, isso é muito comum. Dia-riamente sou procurado por alguém que sonha em ser ator ou atriz sem nunca ter estudado ou feito teatro. Como é possível jogar todas as fichas em uma profissão que nem se conhece? Há quem largue tudo por uma paixão. Um amigo abandonou mulher e filho recém-nascido. A nova paixão durou até a noite na qual, no apartamento do 10º andar, a moça afirmou que podia voar.
– Deixa de brincadeira – ele respondeu.
– Eu sei voar, sim! – rebateu ela.
Abriu os braços, pronta para saltar da janela. Ele a segurou. Gritou por socorro. Quase despencaram. Foi viver sozinho com um gato, lembrando-se dos bons tempos da vida doméstica, do filho, da harmonia perdida!
Algumas pessoas se preocupam só com os alicerces. Dedicam-se à vida material. Quando venta, não têm paredes para se proteger. Outras não colocam portas. Qualquer um entra na vida delas. Tenho um amigo que não sabe dizer não (a palavra não é tão mágica quanto uma porta blindada). Empresta seu dinheiro e nunca recebe. Namora mulheres problemáticas. Vive cercado de pessoas que sugam suas energias como autênticos vampiros emocionais. Outro dia lhe perguntei:
– Por que deixa tanta gente ruim se aproximar de você?
Garante que no próximo ano será diferente. Nada mudará enquanto não consertar a casa de sua vida.
São comuns as pessoas que não pensam no telhado. Vivem como se os dias de tempestade jamais chegassem. Quando chove, a casa delas se alaga. Ao contrário das que só cuidam dos alicerces, não se preocupam com o dia de amanhã. Certa vez uma amiga conseguiu vender um terreno valioso recebido em herança. Comentei:
– Agora você pode comprar um apartamento para morar.
Preferiu alugar uma mansão. Mobiliou. Durante meses morou como uma rainha. Quase um ano depois, já não tinha dinheiro para botar um bife na mesa!
Aproveito as festas de fim de ano para examinar a casa que construí. Alguma parede rachou porque tomei uma atitude contra meus princípios? Dei-xei alguma telha quebrada? Há um assunto pendente me incomodando como uma goteira? Minha porta tem uma chave para ser bem fechada quando preciso, mas também para ser aberta quando vierem as pessoas que amo? É um bom momento para decidir o que consertar. Para mudar alguma coisa e tornar a casa mais agradável.
Sou envolvido por um sentimento muito especial. Ao longo dos anos, cada pessoa constrói sua casa. O bom é que sempre se pode reformar, arrumar, decorar! E na eterna oportunidade de recomeçar reside a grande beleza de ser o arquiteto da própria vida!"
Walcyr Carrasco

Sunday, November 30, 2008

Diálogos de Platão

Correspondências de uma época


"São 12h30. Acabamos de desligar, e como não terei o privilégio do sono tranquilo, preferi trocar confidências com minha alma. Se elas chegarão a você, eu realmente nãos ei. Me sinto como uma montanha russa, ontem, a intensidade da primeira quesda, agora, no meio de um looping circular, daqueles que te dão vertigem e te deixam sem entender direito as referências. É um contraste que não consigo entender. Me resta a opção de te ouvir, de acreditar em tuas palavras, e desejar muito, que elas tenham sido fruto de uma percepção momentânea. Mas de nada adiantará divagar por tuas possíveis razões. Agora prefiro falar de mim.


De um tempo para cá, minhas energias inadvertida e expontâneamente se canalizaram para uma menina cativante. Pouco a pouco, sem que pudesse perceber (Clarisse gostava muito disso) a vontade de compartilhar momentos, dividir opiniões, comungar do mesmo espaço e tempo foi aumentando, aumentando, num crescente sem fim. A cada novo dia o sentimento ia se criando, como se tivesse vida própria. Por inúmeras vezes, eu era surpreendido por momentos que me remetiam a você. Situações novas e inusitadas, situações corriqueiras e cotidianas acabavam me deixando latente um sentimento que pela frequência, não deixava meu lado consciente esquecer que ele estava ali. Me lembro de estar em Ubatuba, deitado olhando as estrelas com o pensamento perdido em você; me lembro de estar no Rio, de frente para a vista da Baia de Guanabara com o pensamento perdido em você; me lembro como se fosse agora de estar sentado no divã da minha sala uns cem número de vezes olhando as luzes da cidade com o pensamento completamente em você...


E nossa relação foi se criando de rápidos encontros, olhares cheios de curiosidade , de longas horas de conversa, e tudo isso só acabava realimentando meu inconsciente e enchendo meu coração de bons sentimentos em relação a ti. No início eu sentia uma grande euforia. Uma euforia típica dos amantes de verão, cheios de contentamento e desejo de viver um sonho, nem que fosse por uma noite. Conforme fui te conhecendo, minha forma de ver e compreender esta euforia foi mudando. Me lembro muito bem da primeira vez que disse que te amava. Foi consciente. À esta altura dos acontecimentos (me refiro aos acontecimentos não em relação ao tempo ou as experiências, mas sim a capacidade de distinguir e compreender meus sentimentos) já tinha certeza suficiente de que te queria não para os bons momentos, pois eles claramente estavam ali à nossa disposição, eu sabia disso. Mas a convicção profunda de que eu realmente queria muito poder estar ao teu lado. E assim como este bom sentimento, outros começaram a brotar de uma forma clara e cristalina. Alguns deles, me lembro de ontem ter dito a ti: o prazer de compartilhar suas realizações, a vontade de poder te proteger e de alguma forma ajudar a construir o caminho da tua felicidade, de estar ao teu lado, de fazer parte da tua história. Tudo isso veio passo a passo, de uma forma tão natural que nunca me dei o direito de questionar. Desde então, tenho estado com a sensibilidade muito aflorada (e como também dissemos ontem, isto pode proporcionar picos maravilhosos, mas também vales equivalentes) e isto, de certa forma, melhora minha relação com o mundo. Neste momento acabo aproveitando para me conhecer melhor, entender meus anseios e desejos, volúpias e medos, enfim, me sinto mais apto a olhar para dentro e me compreender. Isto passa por entender minha razão (pode parecer redundância, mas não é) e entender meus sentimentos. No final do dia, tudo colabora para que se reforcem minhas crenças. Exatamente por passar por um processo de questionamento interno catalizado por uma sensibilidade fortemente acentuada é que depois de vasculhar todos os cômodos, o que restam são as grandes convicções. O que eu gosto e o que eu não gosto, o que eu quero e o que eu não quero, o que eu posso e o que eu não posso, o que depende de mim e o que depende dos outros, os sucessos gratuitos e os fracassos cultivados. Tudo é claro. Nunca tive dificuldade de expor minha alma tal qual ela é para ti. Aliás, nunca tive tanta facilidade em encarar meus fantasmas para alguém, pelo motivo de acreditar que o único amor verdadeiro é o incondicional, e entender que só ele pode ser cultivado em um ambiente de sinceridade e transparência. No meio de minhas convicções, e com a tua ultra sensibilidade ajudando não seria difícil entender quem eu sou. E no meio de toda esta loucura eu acabei sentindo no teu olhar uma reciprocidade que enchia meu coração. Quanto mais eu me mostrava, você se encantava e vice-versa. E esta equivalência de sensações é o que tem transformado nossos momentos em doces sonhos. Mas uma sensação nova com o passar do tempo foi surgindo em mim. Parei...fui pegar um livro... lembrava de ter lido algo que me ajudará muito a explicar. Encontrei:

"...Tanto é verdade que os homens não amam senão o que é bom. Discordas?
- Eu não. Por Zeus! -respondi.
- Portanto - prosseguiu ela, - podemos dizer assim simplesmente que os homens amam o que é bom?
- Sim - respondi.
- Sim? Não se deve acrescentar - disse ela - que eles desejam seja seu o que é bom?
- Deve-se.
- Acaso não apenas que o seja, mas que o seja sempre?
- Isso também se deve acrescentar.
- Logo, o amor, em síntese - concluiu - é o desejo da posse perpétua do que é bom.
- Dizes o que há de mais verdadeiro - disse eu.
- Se amar é sempre o que acabamos de ver - volveu ela - daríamos o nome de afã e esforço intensos de quem procura atingi-lo de certa maneira e por determinados atos; qual essa maneira? Quais esses atos? Essa operação em que consiste? Sabes dizer?
- Se soubesse, Diotima - respondi, - eu não seria um admirador de teu saber, nem frequentaria tuas aulas para aprender precisamente isso.
- Bem, eu vou dizer. Consiste numa procriação no belo; não só segundo o corpo; também segundo a alma.
- O que estás dizendo requer um poder divinatório - atalhei; - não o compreendo.
- Bem, falarei mais claro. Há em todos os homens, Sócrates, uma prenhez, não só segundo o corpo, como também segundo a alma. Quando chegamos a determinada idade, nossa natureza anseia por dar a luz; mas esse parto lhe é impossível no domínio da fealdade; só no da beleza. Com efeito, a união do homem e da mulher é uma procriação; há, na gestação e no parto, um fato de ordem divina, atributo imortal inerente a um ser vivo que é mortal. Sua produção é impraticável num meio discordante e a fealdade destoa de tudo que é divino, enquanto a beleza se harmoniza. Na procriação, a Beleza faz os papés de Parca e de Ilitia. Por essa razão, sempre se aproxima do que é belo, o gestante sente um bem-estar, um derretimento de gozo, e tem um parto feliz; mas sempre que se acerca do que é feio, encolhe-se, sombrio e aflito, esquiva-se, recusa-se e não pare, antes, retendo o seu fruto, entra a padecer. Daí provém ao ser prenhe e já pejado tamanha emoção diante do belo, porque a posse deste o liberta de suas fortes dores. Porquanto, Sócrates, não se trata do desejo do belo, como pensas tu.
- Então, do quê?
- De gerar e de parir na beleza.
- Vá lá que seja - disse eu.
- Não cabe a mínima dúvida - insistiu ela. E por que de gerar? Porque a geração é, para um mortal, a perpétua renovação, a imortalidade. É conclusão necessária dos pontos admitidos que o desejo da imortalidade acompanha o do que é bom, se o Amor é o desejo de possuir para sempre o que é bom; é conclusão certamente necessária desse raciocíonio ser Amor desejo também da imortalidade."

... nossa, daria para explicar tanta coisa com isso, mais o que eu queria tentar elucidar é que a minha forma mais sincera de dizer que te amo compartilha do conceito contido no diálogo entre Sócrates e Diotima. É um sentimento que desejo ter não só no presente, mais perpetuado dentro de mim, e que consciente ou inconscientemente cultivo a cada dia. Sejam pelas experiências ao meu redor ou pelas que brotam dentro de mim. Queria que você tivesse isso muito claro. Acredite nas minhas fraquezas. Acredite nos meus medos. Acredite nos meus defeitos. Nunca duvide da sinceridade e da intensidade do meu sentimento por ti.

Já é tarde. Seria capaz de escrever horas...

F.

Livro:
http://books.google.com/books?id=fwyQi0vzHSsC&pg=PA78&lpg=PA78&dq=Tanto+%C3%A9+verdade+que+os+homens+n%C3%A3o+amam+sen%C3%A3o+o+que+%C3%A9+bom.+Discordas&source=web&ots=K7_1w5qI5g&sig=tR_Yf1WHwlMQp0MKvpx1o6N-lLM&hl=pt-BR&sa=X&oi=book_result&resnum=1&ct=result

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Monday, June 02, 2008

Lula Richards

2007-11-04
Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Fernando Pessoa

The Road Not Taken


2007-12-05
Mais uma vez, agradeço pela energia e por ser agraciada com pessoas como Bi Benoliel...

The Road Not Taken
Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;
Then took the other, just as fair,
And having perhaps the better claim
Because it was grassy and wanted wear,
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I marked the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh
somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I,
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

Robert Frost

Taka


Não me enquadro

Nessa tal coisa de definição

Do rótulo ao pertencimento

Prefiro, mesmo

É cair no esquecimento

Z

L'amitie - Invasões Bárbaras

2008-03-30
Com todo o sentido do mundo, após caixa de Pandora aberta, um toast a sensibilidade a voz de Hardy e a todos que ao passarem por minha vida se propoem trocar...

L'amitié
Beaucoup de mes amis sont venus des nuages
Avec soleil et pluie comme simples bagages
Ils ont fait la saison des amitiés sincères
La plus belle saison des quatre de la terre
Ils ont cette douceur des plus beaux paysages
Et la fidélité des oiseaux de passage
Dans leurs cœurs est gravée une infinie tendresse
Mais parfois dans leurs yeux se glisse la tristesse
Alors, ils viennent se chauffer chez moi
Et toi aussi tu viendras
Tu pourras repartir au fin fond des nuages
Et de nouveau sourire à bien d'autres visages
Donner autour de toi un peu de ta tendresse
Lorsqu'un autre voudra te cacher sa tristesse
Comme l'on ne sait pas ce que la vie nous donne
Il se peut qu'à mon tour je ne sois plus personne
S'il me reste un ami qui vraiment me comprenne
J'oublierai à la fois mes larmes et mes peines
Alors, peut-être je viendrai chez toi
Chauffer mon cœur à ton bois

Paroles: Jean-Max Rivière. Musique: Gérard Bourgeois
voz:Françoise Hardy
Tradução:
Muitos de meus amigos vieram das nuvens,

Com o sol e a chuva como bagagem.
Fizeram a estação da amizade sincera,
A mais bela das quatro estações da terra.
Têm a doçura das mais belas paisagens,
E a fidelidade dos pássaros migradores.
E em seu coração está gravada uma ternura infinita,
Mas, as vezes, uma tristeza aparece em seus olhos.
Então, vêm se aquecer comigo,e você também virá.
Poderá retornar às nuvens,E sorrir de novo a outros rostos,
Distribuir à sua volta um pouco da sua ternura,
Quando alguem quiser esconder sua tristeza.
Como não sabemos o que a vida nos dá,
Talvez eu não seja mais ninguém.
Se me resta um amigo que realmente me compreenda,
Me esquecerei das lágrimas e penas.
Então, talvez eu vá até você aquecer
Meu coração com sua chama.

www.youtube.com/watch?v=cnhfG84FpXA

Música e amigos

Registro da semana
Música e amigos: combinação perfeita que alimenta o espírito e coração.

Show Ceumar 2008-05-30
Queridos presentes: Serigos, Sara (em energia pela letra)
Pensamento: Desejos da alma
Música: Oração Do Anjo

"Não permita, Deus, que eu morra
Sem ter visto a terra toda
Sem tocar tudo o que existe
Não permita, Deus,
Que eu morra triste
Dê-me a graça
De viajar de graça
Por essa esfera afora
De virar uma linda senhora
Uma linda lenda
Cantar cada fio da renda
Tecer cada cacho
De cabelo de anjo
Transformá-lo num bonito arranjo
Da mais bela canção
Não permita, Deus, que eu me vá
Sem sorver esse guaraná
Sem espalhar meu fogo brando
E acalmar a brasa do mundo
E aquecer mais uma vez
O coração do universo..."
(Ceumar / Mathilda Kóvak)

http://www.youtube.com/watch?v=Uk0-mAyOUQE&feature=related

Show Maria Rita 2008-06-01
Queridos: Sara e Bi Benoliel
Pensamento: queridos essenciais, mas que hoje já não fazem mais sentido na rotina (dor pelo apego, mas liberdade para ser si próprio)
Música Encontros e Despedidas

Mande notícias do mundo de lá

Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorarE assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partidaA hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
(M. Nascimento E F. Brant)

http://www.youtube.com/watch?v=8S3yWenbqtY (Lindona com a mesma roupa de hoje!)


My place


Para Nelly,

Então, vamos la...

Vancouver.
Viagem como outra qualquer, cidade linda como outra qualquer civilizada e com montanhas (ah e que montanhas...), mas depois de Rocky Mountains (e o estado de Alberta), o mood mudou... Cheguei na cidade na quarta, curti de leve e sexta de manhã já estava partindo para conhecer as famosas montanhas rochosas do Canada. Fui sozinha, sabia que o tour teria koreano em massa (e realmente teve - só uns 8 ocidentais em todo o onibus). Fiz amizade antes mesmo de pegar o onibus com uma korea queridissima que estava sozinha e de passagem pela cidade (diferente da massa que estudava inglês por la). Trip engracada, integração total, paisagens surreais... como as koreas são mais reservadas, pude ter meu espaço e só falava quando queria... e muitas vezes não quis... Com o decorrer da trip, comecei a ficar cada vez mais emocionada com a beleza do lugar, com a receptividade dos canadenses, com o respeito dos koreas, com a cidade realmente funcionando, e com tudo junto (e com a realização de que existe um lugar como nos meus sonhos) ... que a partir do 3o. dia (trip de 4o.), já nao me controlava de emoção quando via as paisagens (as mais lindas, aliás)
Algo mudou, manja qdo se sente parte de algo, pois bem, me senti assim, aliás nem sei se foi isso... mas foi algo especial. Da medo de verbalizar.

Vancouver (agora in).
Pois bem, de volta a Vancouver, desencanei da programação que imaginava fazer e passei a curtir a cidade como uma "ordinary canadian"... e eis que apesar da minha vontade mais que introspectiva de ficar só... consegui conhecer as pessoas mais facinantes e perfeitas para o enredo e o "flirting" que Vancouver ja pregava em mim. E eis que ainda tenho de presente minha noz do brownie.

U.S e início das constatações
Fui triste para SFrancisco. Incrivel! SFran sempre havia sido meu sonho de consumo cosmopolita: pra frente, vanguardista, respeitoso e cheio de identidade (a american city mais não american ever!).. e de repente, lá estava eu passando por cima da minha tão sonhada Golden Gate, conversando com o típico americano lunático e com o coração em Vancouver. Aproveitei a beça SFran e NYC. Foi ótimo ter ficado com amigos - ter reencontrado outros. Consegui ver minhas mudanças de dez anos atrás, além de me sentir tão confortada... querida, fazendo a diferença, manja? Por mais que não visse a Re há mais de 10 anos ou a Adria uma vez por ano...

E mais uma vez, tive outra constatação: Realizei que o que acredito pode ser verdade, de que não preciso de constância na vida de ninguém para fazer parte da mesma, que só o fato de estar quando posso de forma íntegra, intensa; consigo ter a recíproca dos amigos, e por mais que acredite na necessidade de ser livre e ser contra a possessão, é como se neste tipo de momento, houvesse muito prazer em sentir que todos fossem meus queridos - e eu curtir demais isso.

Fato: Na volta, percebi que nao só minha cabeça estava em Vancouver como em qualquer ótima viagem (onde somos agraciados com as mais hilárias, doces, estranhas e inesquecíveis lembranças); percebi que também havia deixado meu coração.
E por mais que seja volúvel, só consigo ser eu mesma quando sinto meu coração. E independente das inúmeras vezes que verbalizei de forma passional (afinal, sou assim); senti que desta vez havia sido diferente. Como se cada instante naquele lugar me fizesse ser mais eu...Talvez tenha até a ver com o que tu disse hj no fone, estava tao leve que nao me importava com o resultado de "How far down I'd like to go...
"Minha vontade: simplesmente não me preocupar e continuar por lá, independente de como, de onde, ou fazendo o que... Mas não farei desta forma. Não posso negar que cresci e que apesar de "apaixonada", sei do que preciso para ser feliz e minha vida do jeito que é, com a quantidade de possibilidades, me faz ser mais eu (me permite conhecer e trocar com mais gente, conhecer o mundo e por ai vai...) e por isso quero fazer direito, diferente, do jeito adulto de ser. (vai ver que por isso até agora me mantive no HSBC).
Não tenho pressa. Sei que já tenho o meu lugar e que ele continuará por lá. Como se descobrisse que sou exatamente o que quero no meu mundo e pudesse poupar minhas energias, meus pensamentos já que não faz o menor sentido em ser algo em um mundo que não é meu.

Plans: Cancelei pós, pilates, retomarei inglês e focarei nos meus investimentos para fazer mais dinheiro. Profissionalmente, focarei na politicagem, já que como já era óbvio e dificil de verbalizar: sou feliz fazendo qualquer coisa e 30 dias depois da saída do escritorio, as coisas simplesmente estavam iguais (it means, isso não faz a menor diferença para mim). Agora é seguir. Como diz uma querida amiga, preciso lembrar sempre da oração da Serenidade: "Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras".

Volta bem,e apesar de saudosa da rotina de te ter por perto, fato que nao tenho saudades de ti, pois sei que hoje tbem faz parte de mim e por isso a terei sempre comigo.